Quem bate para ensinar, ensina a bater



Hoje me deparei com este post maravilhoso no site Tempo de mulher, e concordo muito com tudo que a Bettina escreveu!

É bem o que eu penso mesmo... nunca bati na nossa filhota e nem pretendo faze-lo...

Segue na integra para vcs!





Quem bate para ensinar, ensina a bater


As dificuldades e gratificações de exercer a maternidade sem recorrer a nenhum tipo de violência, castigo físico, verbal ou emocional

Bettina Stopazzolli
3/8/2011




- Mãe, tens que fazer o que o Antonio quer, ele é só um bebê, ele não entende o porquê. 

Ouvi isso a um ano atrás, do meu filho mais velho, quando eu teimava em não deixar Antônio, seu irmão mais novo, subir no sofá. Foi aí que eu soube que estava no caminho certo, mas que eu tinha que exercer meus ideais todos os dias. O que, confesso, fica um pouco mais difícil quando se tem dois filhos.

Eu sou do time que abomina violência. Não só palmadas, mas qualquer agressão física, verbal e emocional. Não só contra crianças, mas contra toda e qualquer minoria. Acho injusto, acho covarde. E crio meus filhos dentro desses princípios. Nunca, em cinco anos do meu exercício maternal, eu bati neles. E nunca admiti que batessem nos outros.

Quando meu marido cogitou puxar a orelha do Bernardo, nosso filho mais velho, eu disse pra ele, em tom de brincadeira, que eu iria puxar a orelha dele todas as vezes que encontrasse uma roupa no chão, um sapato jogado ou uma toalha molhada em cima da cama. Também que iria bater na empregada doméstica que esqueceu de limpar o cantinho da prateleira e dar uns cascudos naquele vendedor inconveniente. Ele entendeu o recado rapidinho.

Respeito ao próximo

Tudo, na minha casa, é conversado. Mas muita gente acha que educar sem palmadas é ser permissivo, é não educar, é deixar passar. Não. Aqui em casa a educação é exigida, obviamente, conforme a idade deles. Eu tento ensinar aos meus filhos o respeito pelo sentimento alheio, porque eles devem respeitar os outros da mesma maneira que são respeitados, física e emocionalmente.

Educar sem palmada é difícil. É muito mais fácil bater na mão de um bebê que cisma em colocar o dedo no buraco da tomada. É mil vezes mais fácil o condicionamento pela dor, do que se fazer entender dizendo infinitas vezes que não, que aquilo machuca. Pode ser fácil bater, mas definitivamente não deve ser compensatório.

É preciso criatividade para sempre mudar o foco quando a criança está fazendo alguma coisa errada. Não preciso usar a força física para tirar meu filho de situações em que ele não deveria estar, posso oferecer uma atividade mais prazerosa para ele. Isso não é ceder aos desejos da criança, é conhecer as suas necessidades.

Necessidades da criança

Enquanto bebês, uma regra que sigo é que devemos checar se suas necessidades básicas foram atendidas. Um bebê com fome ou sono é um bebê mau humorado. Ele não pode apanhar porque foi levado para um restaurante, por exemplo, quando precisava de uma soneca.

Temos que saber ouvir as crianças através de suas atitudes. Uma criança birrenta, mau humorada, chata, nem sempre quer incomodar ou testar os pais, às vezes ela simplesmente tem fome. Como uma criança que bate às vezes está pedindo carinho. Temos que entender que eles não têm as propriedades da fala como nós, não sabem expor o que sentem como nós sabemos.

A rotina também é extremamente importante para as crianças, assim elas sabem o que vem depois, não ficam inseguras e aceitam melhor a hora do banho ou do sono, que geralmente são horas críticas em casa.

Depois, quando crescem um pouco, os limites começam a se tornar primordiais. Além de atender as necessidades básicas, temos que realmente educar. Educar sem palmadas não é e nunca será sinônimo de educar sem limites. Eles são indispensáveis na vida de todos nós. 

"Não" é não

A consistência também é muito importante. Para evitar o joguinho do "por favor, só hoooje", aqui em casa o "não" é não e raramente vai virar um sim. Agora, os meninos sabem que todos os "sim" que eu posso falar para eles, eu falo. Eu permito tudo que é permitido, mas as raras coisas que são proibidas não têm volta e não tem negociação. É como uma constituição que não pode ser alterada, mas temos outras leis menos importantes que estão sempre em mutação, de acordo com as nossas necessidades.

A consistência fala mais alto quando percebemos que um copo derramado num dia normal não causa problema algum, mas num dia estressante, em que estamos cansados, vira um caos. Esse é um dos motivos que tenho tanto pavor da palmada. Porque ela é dada de acordo com asfrustrações do adulto e não de acordo com as atitudes das crianças.

É conversando que a gente se entende

Eu quero que meus filhos pensem no por que das regras, não quero que sejam fantoches nas minhas mãos, até porque eles não são. São seres humanos com dias bons e ruins, como todos nós. Quando dou algum limite explico a finalidade. Como o exemplo da tomada, eu digo que não pode porque machuca. O não sozinho é muito tentador a ser desobedecido. O não acompanhado de uma explicação é um pouco menos, mas o não explicado e seguido de uma proposta mais divertida é irrecusável.

Claro que eu também tenho meus dias de fúria, de TPM, de cansaço, mas isso nunca vai me fazer mudar meus ideais. Nossos filhos são seres cheios de emoção como nós e não merecem que descarreguemos nossos problemas neles.

Sinto que estou no caminho certo quando vejo meu filho mais velho ensinando tudo que pode para o irmão. Explicando todas as regras e seus porquês, não batendo e tendo toda a paciência do mundo com o irmãozinho três anos mais novo que ele.

Crianças são como nossos espelhos. Imitam nossas atitudes e nossas reações. Devemos, antes de tudo, servir de exemplo para eles. Afinal, quem bate para ensinar, ensina a bater.

Bettina Stopazzolli, mãe do Bernardo (5 anos) e do Antonio (2 anos).






Bjs


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